quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Crise do Itabapoana | Realidade na baixada

As imagens do rio Muriaé praticamente seco no centro de Itaperuna têm causando grande impacto nas redes sociais, no entanto o nosso rio Itabapoana passa por situação semelhante

A imagem que ilustra este texto foi registrada pela internauta de Apiacá Maira da Paz Azevedo, o “trecho morto” do rio fotografado se localiza na Ponte do Waldir, próximo do trevo de Carabuçu. Esta ponte fica a uns treze quilômetros do centro de Bom Jesus do Itabapoana e o que se questiona é esta discrepante diferença do nível do rio no centro e neste local registrado.

Rio Muriaé - Foto recebida por e-mail sem autor especificado
Em publicação recente as agressões sofridas pelo Itabapoana foram abordas em três áreas no percurso do rio de Rosal até a divisa do município com Santo Eduardo no qual na região serrana o principal problema se encontra no despejo de terra e lama no rio devido as construções das usinas de energia, que foram três novas a partir de 1998.

No perímetro urbano o mesmo problema permanece devido aos loteamentos irregulares que surgem com autorização da prefeitura e dos cortes de barrancos e encosta para o crescimento desordenado urbano, some-se a este grave fator a outro não menos grave, que é o despejo de esgoto in natura direto no rio.

A terceira área foi dada especial atenção ao despejo de poluentes sem tratamento no rio na região do Núcleo Industrial da Nova Bom Jesus, porém temos outro grave problema em toda região baixa do município que não temos na região serrana que será polemizado abaixo.

A região serrana apesar de ter sido impactado com a construção de uma Usina Hidrelétrica e duas Pequenas Centrais Hidrelétricas, ela conta com a maior área de Mata Atlântica existente em Bom Jesus do Itabapoana, durante todo o trajeto entre o bairro Santa Rosa e Rosal temos diversas reservas que estão preservadas e protegidas da depredação, há bastante tempo que os desmatamentos diminuíram consideravelmente.

Com uma grande área de floresta preservada temos automaticamente um número considerável de nascentes e afluentes que alimentam o leito do Itabapoana, diferente da região baixa do município que é praticamente toda desmatada, tendo somente algumas pequenas “ilhas” de Mata Atlântica, como a Reserva Ecológica Jorge Assis de Oliveira, a “Floresta dos Macacos”.

Se partirmos do bairro Parque Trevo em direção a Usina Santa Maria teremos inicialmente o riacho do Odilon Diniz logo no início do trajeto o córrego de Santa Isabel, e o Valão de Carabuçu que se localiza depois do trevo em direção a Mutum, são os únicos afluentes que alimentam o Itabapoana, sendo que na região serrana temos seis afluentes distribuídos em todo trajeto entre Bom Jesus e Rosal.

Outro fator que contribui com a depredação ambiental do Itabapoana na região baixa está na captação de água das comunidades de Santa Isabel, Nova Bom Jesus e das empresas do Núcleo Industrial que é no próprio rio Itabapoana, diferente dos distritos da região serrana onde nenhum deles tem captação de água direto no rio, e sim nos diversos afluentes.

Fatores que estão decretando a morte do Itabapoana são todos identificáveis, o que se faz necessário é a sociedade, poder púbico e produtores rurais entenderem que se faz necessário recuperar as matas ciliares e proteger as nascentes com reflorestamento com espécies específicas. Devolver um pouco daquilo que foi explorado por mais de um século para podermos contar com o que resta do rio.

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