quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Crise do Itabapoana | Mais PCH’s, mais agressões previstas

Articulações para construção de duas novas pequenas centrais hidrelétricas vem ocorrendo desde 2013 e a sociedade deve ficar atenta com todas as movimentações

Em dezembro de 2013 foi realizada uma “reunião pública” na escola estadual Governador Roberto Silveira com o intuito de apresentar para a comunidade o estudo ambiental simplificado sobre a construção de duas novas Pequenas Centrais Hidrelétricas nas margens da RJ 230, entre Calheiros e Estrada dos Quebrados.

Na época a falta de publicidade para esta reunião já havia chamado a atenção devido a participação do poder executivo no evento, que estava agendado para iniciar as 14:30 h e começou as 18:30 h ocasionando no esvaziamento da reunião.

No evento que tive a oportunidade de participar de parte dele, pude conversar com técnicos da empresa de gestão ambiental contratada pela empreiteira que construirá as usinas, as PCH’s são a do “Saltinho do Itabapoana” próxima a Calheiros e a “Bom Jesus” que se instalará próximo a estrada dos Quebrados.

Desde então que comecei a procurar informações técnicas e políticas sobre se o rio Itabapoana suportaria mais duas PCH’s e se ainda havia possibilidades de se evitar a construção das usinas, e neste período consegui colher informações técnicas alarmantes.

E na busca dessas informações, em novembro de 2014 recebi uma que nos leva a crer que o processo de construção dessas usinas está a todo vapor, sendo que extraoficialmente tive o relato de uma reunião no gabinete da prefeita no qual faziam presentes a chefe do executivo, o presidente da câmara, o advogado pessoal da prefeita e uma pessoa que seria um diretor da empreiteira que construirá as ursinas.

Conforme citado acima, na região serrana de Bom Jesus do Itabapoana temos quatro usinas geradoras de energia (UHE de Rosal e as PCH’s de Calheiros, Franca Amaral e Pirapetinga), e em todas elas existem seus departamentos de conservação ambiental com seus devidos diretores no quadro técnico, e nas buscas por informações acabei por conhecer o diretor do departamento de conservação ambiental de uma das quatro usinas que pediu sigilo de sua identidade.

Desde que nos conhecemos tivemos algumas conversas sobre diversos temas e aspectos ambientais em nossa serra, contudo quando informei a ele o projeto de construção de mais duas usinas de energia ele reagiu de maneira claramente contrariada.

Ele afirmou categoricamente que nos próximos vinte anos o rio Itabapoana não suporta sequer uma nova PCH, quanto mais duas, ele ainda salienta que todas as três novas usinas de energia estão muito distantes das metas de recuperação ambiental, e que um dos maiores entraves está na falta de sintonia entre as concessionárias de energia com Bom Jesus do Itabapoana, seja no poder público ou na sociedade organizada.

Todas as quatros usinas de energia de nossa serra têm disponibilidade e recursos financeiros para investir em contrapartidas ambientais e sociais em Bom Jesus do Itabapoana, porém para pôr em prática os investimentos existe a necessidade jurídica das concessionárias se conveniarem com o município ou uma instituição sem fins lucrativos do município.

Este debate tem que ser trazido a público com todos os detalhes, as conversas com portas fechadas estão se desenrolando para sacramentar mais duas obras que agredirão mais ainda o rio Itabapoana, a sociedade tem que cobrar dos vereadores para que estes entrem no circuito para se informar a que pé anda a situação.

O primeiro passo é encomendar um estudo técnico independente para avaliar as condições jurídicas e ambientais desses dois projetos, temos por exemplo no local da “PCH Bom Jesus” um santuário ecológico na Ilha Caeté logo abaixo da PCH Pirapetinga com diversas espécies de nossa fauna como saguis, capivaras e papagaios que desaparecerá com o lago da barragem que ali será construída.

E o novo código florestal aprovado delimitando todas as margens de rios interestaduais como Áreas de Proteção Permanente não surtiria o efeito legal para evitarmos a construção de mais duas usinas? Ainda há tempo para evitar este descalabro, porém temos que nos manifestar o quanto antes,

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