segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Mariana/Rio Doce – Aos poucos se descortina a real dimensão da tragédia

Ficou mais do que evidenciado que o polêmico embate entre os solidários de Paris e Mariana, na verdade estavam indignados era com a profunda cobertura da mídia com os atendados na França, e se mantendo plenamente indiferente com a tragédia criminosa da lama da Samarco (Nunca de Mariana!).

A medida que mídia independente alternativa se aprofundava nas apurações sobre a tragédia, os internautas mais cobravam dos grandes veículos uma cobertura honesta, estava mais do que na cara que praticamente tudo estava sendo ignorado.

Com os atentados e Paris na sexta-feira 13, a grande mídia passou a dar total cobertura deixando completamente de lado os desdobramentos no rio Doce, até que um bombardeio de protesto levou pelo menos a Globo a mudar de rumo.

É fato que a produção da matéria veiculada no Fantástico já estava pronta durante a semana, mas quem garante que a mesma iria ao ar neste domingo (15/11)?

O teor da matéria foi de um conteúdo tão amplo, que as pessoas que acompanhavam esta tragédia somente na Globo, sem dúvidas que ficou na dúvida se tratar do mesmo assunto.

A guinada na cobertura também se percebeu em diversos outros veículos, além de uma matéria do site do Globo ter admitido os impactos que os rejeitos tóxicos causarão quando chegar no Oceano Atlântico, e com a alarmante “novidade” que até o santuário marinho de Abrolhos poderá ser atingido.

No mais, podemos até desconfiar que esta “guinada” da grande mídia na cobertura do atentado terrorista-ambiental da Samarco, pode ser uma estratégia de se levar a extinção da MARCA Samarco, e não com a estrutura da empresa e sua atividade.

Se livrando da MARCA Samarco, os principais responsáveis pela tragédia criminosa (leia-se Vale e BHP Billiton), não sairiam arranhadas e ainda continuariam com as atividades de mineração com outra “joint venture” no lugar da futura-extinta Samarco.

Por outro lado, podemos considerar que a guinada da grande mídia ainda está desatualizada, o debate que avança nas redes sociais já conta com abordagens ainda ignoradas.

Um importante questionamento já ganhou destaque no site da Carta Capital e no Diário do Centro do Mundo com um especialista questionando quem teve a ideia de se abrir as comportas das barragens hidroelétricas, em vez de mantê-las fechadas para reter a lama, e depois retira-la da calha do rio Doce.

Existe um raciocínio óbvio para se abrir as comportas das represas e deixar a lama tóxica seguir em frente no curso do rio.

É fácil de constatar que se as comportas das barragens fossem fechadas, os custos da Samarco para retirar a lama da calha do rio e deposita-la em outro local preparado, seriam abissalmente maiores do que se deixar a lama seguir em direção ao mar.

Outro ponto que já não há mais como ignorar é sobre o número de mortos e desaparecidos, desde quinta-feira da semana passada, dia 12 de novembro de 2015, que não se fala mais no número de mortos e desaparecidos.

Temos circulando nas redes sociais, um depoimento de um internauta de Mariana, que já trabalhou na Samarco e ele relata que o número total de mortos e desaparecidos são de 128, segundo informações de funcionários da prefeitura e do Corpo de Bombeiros que estão atuando no local.

Ele detalha ainda que são cem moradores de Bento Rodrigues, e 28 funcionários que prestavam serviço para Samarco na barragem, faltando agora a grande mídia nos informar o real número de vítimas, sendo impossível aceitar que foram somente nove mortos e dezoito desaparecidos.

Ele chegou a gravar um depoimento afirmando que o número seria muito maior, porém devido a grande repercussão, ele buscou informações precisas, e deixando também muito claro que os desaparecidos podem ser considerados como mortos, pois eles estariam soterrados na lama, e jamais poderão ser encontrados depois que secar.


Foto: AVLI - Associação de Voo Livre Ibituruna
Finalizando, destaco com mérito o melhor comentário sobre esta tragédia, que é de autoria do prefeito de Baixo Guandú-ES, que diz o seguinte:

"Se o cidadão pesca no rio com barco fora da época permitida, ele é preso

Se ele mata uma capivara, ele é preso

E quem extermina toda a FAUNA de um rio? 

Vai ficar impune? Não pode ficar!"

Ass.: Prefeito de Baixo Guandu - Neto Barros

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