quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

Causas e suspeitas de um crime ambiental no centro de Bom Jesus do Itabapoana

Situação já se configura como desastre ambiental, a corrida agora é para evitar um desastre social

E não se enganem que a situação é muito mais grave do que demonstrada nas imagens veiculadas até o momento, o Itabapoana Sustentável foi até o local da cratera formada e registrou imagens muito próximas da mesma, tanto no alto da encosta como em sua base. 

O cenário é estarrecedor com o impacto já causado no córrego Santa Rosa na ponte da rua Guilherme Mathias, e com a proximidade de residências no ponto mais alto da erosão.

Devido a complexidade do caso, abaixo teremos os tópicos a serem apontados com os devidos subtítulos de cada parte do relato que abordará desde a origem até as consequências e os riscos apresentados nos registros feitos na tarde desta quarta-feira, 03 de dezembro de 2014.

Suspeitas de desvios de recursos públicos na origem do problema

Conforme já alertado, esta gigantesca erosão que está rasgando o morro da Caixa D’agua é fruto de uma obra equivocada de construção de uma galeria pluvial para escoamento das águas das chuvas do Monte Calvário, a princípio considerávamos a obra como “equivocada” por ela ter sido construída somente até no alto da encosta onde desemboca o escoamento pluvial, porém depois das revelações registradas em fotografias nos leva a considerar esta obra como suspeita devido aos claros indícios de que a mesma ficou inacabada.

Em todas as abordagens feitas até o momento sobre esta obra que era equivocada e passou a ser suspeita, sempre fiz questão de informar que tal obra deveria se estender do alto do morro com a canalização da água descendo toda encosta para desaguar na base da mesma no córrego Santa Rosa, se isso fosse feito sem dúvidas que não teríamos esta cratera.

E para constatar que de fato estava previsto a construção da supracitada estrutura de escoamento de água, na base da encosta foram encontradas algumas manilhas abandonadas nas margens do córrego, além de uma estrutura de concreto que supostamente seria para abrigar a caixa coletora da água que desce do alto da encosta, e conforme todos podem observar, essa estrutura não passou de um esqueleto com vigas e colunas se deteriorando.

Ainda não consegui a informação sobre quando foi feita esta obra, porém comparando o avanço da cratera entre 2011 e 2013, presume-se que a mesma tenha sido realizada entre 2007 e 2009. 

O que não resta sombra de dúvidas é a irresponsabilidade do poder público em permitir que esta situação chegasse a este ponto, um espetáculo de omissão e irresponsabilidade de todos que se calaram pelo menos desde 2011 quando pela primeira vez este blog alertou a todos a respeito.
Por se tratar de obra de escoamento pluvial, em tese a mesma seria de responsabilidade do município, faltando agora saber em qual governo este crime foi cometido, porém o Ministério Público terá todas as condições em chegar aos responsáveis e determinar que o governo não mais se omita sobre este grave problema.

O avanço da erosão e o risco de desabamento de construções

Nesta parte da matéria vamos abordar os riscos apresentados no que tange as construções do alto do morro, mais especificamente uma residência e a própria estação de tratamento de água da CEDAE, conhecidamente como “Caixa D’agua”, e apesar da maior abertura da cratera estar distante aproximadamente uns trinta metros, temos que considerar a gravidade de que a fissura por onde percorre a água que desce pela encosta se inicia na base de uma residência ao lado da estação.

Além da fenda que se aprofunda a cada tempestade nesta saída d’agua do desastre apresentar o risco na base de uma residência habitada, a mesma se encontra completamente obstruída com toda sorte de entulhos, o que leva a força da água a percorrer por outros caminhos acarretando na formação de novas fissuras no solo com o processo de sedimentação em pleno avanço.

O poder público municipal e  todos setores tem agir com extrema urgência para conter o avanço desse desastre que se anuncia, lembrem-se que além das residências que estão próximas da fenda onde percorre a água, temos ainda os reservatórios da estação da CEDAE que podem sofrer danos irreparáveis chegando ao ponto desta estrutura ficar condenada para funcionamento, ou até uma tragédia de proporções catastróficas com um possível desabamento abrupto com toda água dos reservatórios sendo despejadas encostas abaixo.

O impacto ambiental e o risco de extinção da mata existente no local

Os impactos causados pelo despejo de toneladas de lamas em toda temporada de chuvas já modificaram a paisagem local e as características do solo, que em breve fatalmente irá asfixiar a vegetação existente no local que muito serve para amenizar o clima em seu entorno, além de manter insetos e outras espécies da natureza distantes das residências da rua Guilherme Mathias e Gonçalves da Silva.

O córrego Santa Rosa está nitidamente com seu nível elevado devido a lama acumulada que fica retida devido a falta de vazão da mesma até o centro da cidade, mesmo com todo despejo na Praça Amália Teixeira a quantidade de lama que fica ao longo do córrego é enorme e já descaracteriza o cenário de outrora.

Observando a imagem do alto da cratera temos a nítida impressão que a mesma avança de maneira lateral de forma que podemos prever que em breve o barranco que desaba a cada temporal passará a levar as árvores juntos, podendo chegar a dizimar toda a mata. 

Tal constatação tem como base o fato do solo no interior da mata estar completamente tomado pela lama que desce em menor volume por vias alternativas percorrida pela água da chuva.

A fenda que se formou entre a cratera e a mata nativa colabora para que o processo de perda de solo acelere, e o volume de lama é tamanho que mesmo com o tempo firme há dias a mesma permanece mole como se tivesse acabado de chover, o que indica a alteração das características do solo que pode vir a comprometer as propriedades que mantém a vegetação local.


Considerações finais

Depois deste minucioso relato com cenas estarrecedoras, o poder judiciário e o Ministério público que agir de maneira rigorosa e rápida com todos os responsáveis pela situação em que se encontra, mesmo que a obra tenha sido feita em governo anteriores a atual, este não pode se esquivar de suas responsabilidades diante da conduta omissa apresentada pelo atual governo nos últimos seis anos.

A secretaria de obras, a defesa civil e o departamento de meio ambiente devem muitos esclarecimentos à sociedade, o Ministério Público tem a confiança da sociedade de que será enérgico em determinar que o executivo tome as providências cabíveis e urgentes para conter o avanço da cratera evitando uma tragédia anunciada.

E a sociedade tem que tomar uma postura indignada com o poder público municipal e cobrar principalmente dos vereadores uma postura firme para fazer o executivo agir em defesa do meio ambiente e da vida humana que em breve teremos muitas em risco de morte.


Este problema não se relaciona somente aos moradores do Monte Calvário ou da rua Guilherme Mathias, ele está atingindo também os comerciantes das ruas Buarque de Nazareth e 15 de Novembro com o lamaçal que desce pela galeria por debaixo da Ampla, portanto todos na missão de defender a qualidade de vida e protestar contra o descaso irresponsável do poder público.

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